No meio de tantos produtos cinematográficos em Animação, o novo sucesso da plataforma de streaming Netflix, tem se torna produto raro para a cultura coreana. Guerreiras do k-pop, assim que foi lançado, disparou se tornando o produto mais assistido por semanas. Primeiro que o filme aproveita de um produto em ascensão: o k-pop, gênero musical da Coreia do Sul que se tornou febre. Geralmente o k-pop é protagonizado por grupos musicais, seja por garotos ou rapazes. Depois, o filme se tornou bastante elogiado por retratar com bastante fidelidade o estilo, a cultura, a moda e até mesmo os trejeitos linguísticos da Coreia. Algo que tem sido alvo de críticas de outros produtos com a mesma intenção.
O filme animação tem a direção de Maggie Kang, Chris Appelhans que contam a história da banda de k-pop Huntrix com as três artistas: Rumi (Arden Cho), Zoey (Ji-young Yoo) e Mira (May Hong). As meninas lotam estádios e cantam para um grande público sempre lançando hits inéditos que explodem nas paradas musicais. Mas, enquanto elas não estão cantando e encantando seu público, elas estão lutando contra demônios que conseguem atravessar a grande teia protetora para se alimentar de almas humanas. A proteção do mundo contra estas entidades do mal se dá com a música das caçadoras de demônios. O filme conta que o objetivo das artistas é atingir o ponto máximo dessa proteção, para que a vida humana fique a salva por definitivo. O elenco ainda conta com Ken Jeong e Ahn Hyo-seop.
Foi muito inteligente utilizar o sucesso que o k-pop está proporcionando no mundo todo para produzir uma narrativa que dê ao gênero musical seu protagonismo. A dupla da direção soube aproveitar muito bem a magia que está por trás desses grupos musicais que rodam o mundo. Na animação, a música é responsável por fortalecer uma espécie de domo ao redor da terra, separando os humanos de forças que vão além de nossa compreensão. Forças malignas que sugam as nossas almas e se fortalecem de nossos medos e da nossa fraqueza. Não demora muito pro filme colocar uma das integrantes da banda como a que esconde um segredo e que ao ser descoberto, tudo pode estar perdido. Mira carrega as marcas demoníacas no corpo. Filha de uma humana com um demônio, ela cresce aprendendo que ser o que ela é a torna algo cruel, errado e culposo.
Quando surge a Saja Boys, outra banda de k-pop, formada por cinco rapazes bonitos e que também cantam muito bem, Mira é posta à prova, quando Jinu (Ahn Hyo-seop) descobre seu segredo. O filme começa a traçar o segundo ato narrativo evidenciando uma relação que nasce entre dois seres de lados opostos da história. Mira e Jinu se aproximam, uma caçadora que se aproxima de sua própria caça. Mira acredita que quando o domo atingir a força máxima, seu lado mal iria desaparecer e ela estaria salva para sempre.
É aí que o roteiro nos ganha ainda mais: não é tirando de nós o mal que vamos nos tornar bons seres humanos. Mas é aceitando quem nós somos. Com nossos erros e acertos. Com nossos dons e nossos segredos. Com o que habita em nós. Somos aquilo que, no qual, nos integra, não é do que somos feitos que determina o que seremos, mas é o que decidimos fazer que irá traçar o que nos tornaremos amanhã. As cores no filme são vibrantes, também é algo que se reflete da cultura. Há em todo o filme um respeito pela originalidade e pela vida de um povo que já sofreu muito no passado, mas que busca, sem desânimo, um presente e um futuro mais digno.
Guerreiras do k-pop merecem e muito a nossa atenção. A canção Golden que possui grande chance de premiação – Globo de Ouro e Oscar – é o coração do filme e a força motriz de toda a história. Deixe que a música conte a história pra você. As canções embalam a amizade, as aventuras e os dramas pessoais. A música é ritmo e poesia, mas também é liberdade e vitória. A música é a maior força contra a dor, o sofrimento e a maldade. Deixe que ela te envolva e sinta o quão forte e poderoso ela pode te deixar.
Por Dione Afonso | Jornalista
