27 May
27May

A Apple TV+ tem nos surpreendido com um ousado Napoleão [Ridley Scott, 2023], o perfeito Lobos [Jon Watts, 2024], e com a surpresa positiva de Entre Montanhas [Scott Derrickson, 2025] no começo do ano. Agora, sobre as mãos do magnífico cineasta Guy Ritchie, chega a nós A Fonte da Juventude. A mitologia já apareceu em grandes sucessos como Piratas do Caribe e em Indiana Jones, por exemplo, isso só para citar alguns. Desta vez, Ritchie decide se aventurar nesta ficção e nos entrega um bom filme. A obra é feita sob medida para o streaming e a plataforma acerta mais uma vez com um sucesso de atuação, roteiro e de comédia muito bem casada com o suspense da aventura. Novo trabalho coloca outras produções do mesmo gênero no chinelo e realiza um trabalho que mistura arte clássica, mistério, vida e morte, perigos e surpresas sobrenaturais. 

John Krasinsk, Natalie Portman, Elza González, Domhnall Gleeson, Stanley Tucci e o Benjamin Chivers estrelam a produção de Ritchie que segue o roteiro das mãos de James Vanderbilt. Toda a mitologia que envolve a famosa “Árvore da Vida”, aquela posta no centro do jardim do Éden e que guarda a fonte da juventude eterna é explorada de maneira criativa e poderosa. Enquanto Owen [Gleeson] inaugura uma jornada infinita em busca de salvação vívida, Luke [Krasinsk] e sua equipe empreendem um negócio que pode mudar suas vidas para sempre. O bilionário Owen luta para não morrer, enquanto Luke, a irmã Charlotte [Portman] e o sobrinho Thomas [Chivers] lutam para sobreviver. O elenco ainda traz Arian Moayed, Carmen Ejogo e Laz Alonso. 


Grandes aventuras e desfecho perfeito 

Comecemos do fim: o grande plot twist foi bem planejado. O roteiro soube muito bem o que fazer com a grande revelação nas cenas finais. A personagem de González é a mais fraquinha de toda esta narrativa, mas Portman e o pequeno Chivers roubam a cena. Krasinsk já é figurinha carimbada e não fica por baixo. Sua parceria com Ritchie nunca decepcionou e não é desta vez que esta ficha ficará desvalorizada. Fica claro em todo o filme que alguém faz o papel de vilão, contudo, é na cena final que descobrimos quem, de fato, deveríamos temer. Como diz o famoso ditado, “quando muito é a esmola, do santo se desconfia” e a fortuna de Owen nunca havia nos despertado uma investigação mínima. Enquanto ficamos atentos e em vigília constante com a perseguição de Esme [González], era Owen quem deveríamos temer. 

A história é praticamente esta: Luke e sua equipe é contratada por um bilionário – Owen – que afirma estar em seus últimos dias de vida. Owen quer encontrar a fonte da juventude e sabe que Luke é o único capaz de descobrí-la. Durante a jornada, a equipe esbarra em Esme que, misteriosamente quer impedir que a localização da fonte seja descoberta, nas palavras dela: “algumas coisas existem para ficar escondidas”. Luke acaba envolvendo a irmã Charlotte e o sobrinho Thomas, o que desperta a perseguição policial comandada pelo inspetor Abbas, depois que obras raras de Caravaggio, Rembrandt e outros são roubados dos museus. Toda vez que ambas as equipes se encontram o filme entrega boas coreografias de lutas, misturadas com trejeitos cômicos e sem apelar para a sensualidade descabida. 

Mas a surpresa chegou de bom grado. A pequena participação de Tucci, como uma espécie de guardião da fonte e protetor dela foi perfeita também. Talvez o longa deixa sinais para uma possível sequência, principalmente nas falas de Thomas e de Charlotte sobre procurar outras coisas perdidas. O filme é perfeito para ser experimentado em família. Um bom programa de fim de semana ou de lazer com os filhos, netos. É de uma linguagem leve. Um trabalho que tem coração, e que se preocupa com os detalhes que fazem a diferença numa boa narrativa. Assistir a este filme nos fez pensar como que teria sido Uncharted: Fora do Mapa. Não que Ruben Fleischer tenha feito um trabalho pouco digno, o filme é “ok”, contudo, talvez ele poderia ter tido um pouquinho mais de ousadia.




Por Dione Afonso  |  Jornalista

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