22 Dec
22Dec
22 de dezembro de 2025 


O Natal virou competição! Compete-se pela luz que mais brilha; pela casa que mais brilha; pela cidade que mais brilha; pelos enfeites mais suntuosos; pelos presentes mais chamativos. Contudo, considero essas competições, de certa forma, saudáveis. Levam-nos ao divertimento, a nos distrairmos das trivialidades do dia a dia e nos faz esquecer por uns instantes das responsabilidades que nos afogam no corriqueiro de um dia comum. Comum, triste, desfavorável, insalubre e estressante. Este, não pode ser, nunca, um dia de Natal, não é mesmo? 

As últimas semanas que findam um ano, aquela que se aproxima dos 360 dias, é sempre permeada por muito brilho, sentimentos gratos e por alguns sorrisos e comemorações. A cada ano que passa, parece que entramos numa disputa desenfreada de superações e de glamour. Ano passado foi bom, foi lindo, foi bonito, mas desta vez precisa ser melhor, maior e mais belo. Há algumas restrições: não deve entrar nesta festa nenhum assunto que nos leve à política atual, à economia que ronda o mercado, ao amor desinteressado dos primos, e, falar de afetividade então, nossa... a Ceia de Natal vira ringue de boxe... e se alguém traz alguma revelação bombástica, então... adeus ao Natal! 

Ou seja, para celebrar a memória "de um cara" que revolucionou o mundo, é preciso nos esquecer, por uma noite, exatamente das realidades deste mesmo mundo. Precisamos fingir que nada está acontecendo pelo lado de fora, para que a Ceia de Natal aconteça de forma harmoniosa, bonita, sem brigas e discussões, mas cheia de sorrisos falsos e de votos de que “está tudo bem”, maquiando uma vida nada bem e nada feliz. Mas... Feliz Natal! Feliz Natal para estes que não tem a liberdade de esbravejar e falar a verdade; Feliz Natal para aquele que não pode revelar pra família que está num novo relacionamento; Feliz Natal para a filha que desistiu da faculdade, mas não pode falar a verdade numa festa que deveria ser a festa da vida vivida de verdade... 

Ao olharmos para os lugares, ambientes e situações em que as luzes do Natal protagonizam seu brilho e beleza, tentamos encontrar ali a mensagem que elas estão prestes a revelar a nós. Hoje penduram-se luzes em lugares que nunca imaginaríamos dar certo. Enfeitar uma árvore de Natal já não é mais tão atrativo assim. Queremos mais. Compramos mais. Enfeitamos mais. No Antigo Povo Oriental, a única luz que despontou no firmamento, apontava para a segurança, para que a esperança que estava para chegar necessitava de um ambiente seguro e acolhedor. A luz, aquela única luz veio para revelar onde Ele deveria nascer, estar. 

Hoje, os lugares, locais, ambientes, situações que as luzes do Natal iluminam, apontam, pode não representar os mesmos lugares que Jesus poderia nascer, entrar e ser acolhido. Parece um pouco com os ambientes da Ceia de Natal de hoje, não é mesmo? Se não podemos falar o que sentimos e revelar a vida que temos, logo... Os lugares que reluzem a luz do Natal hoje não apresentam a mesma mensagem que aquela única luz indicou há mais de dois mil anos atrás. Você insiste em colocar o Menino Deus num presépio lindo, iluminado, com árvores verdes, toda enfeitada, cheia de presentes, mas se esquece que Jesus jamais nasceu ali, Ele veio para onde a verdadeira luz apontou: um lugar sem luz, escuro e entre os animais, pois os humanos não o acolheram. Mas, desejo votos de que esta Luz de Esperança possa nascer nesta noite celebrativa, entre os seus, e possa Cear convosco na Noite de Natal. 





Texto de: Dione Afonso, Jornalista.

Foto: Morador de rua em SP monta presépio debaixo de viaduto Créditos: via Instagram.

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