14 Nov
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Criada por Boaz Yakin e Edward Ricourt, Truque de Mestre gira em torno de uma equipe de ilusionistas chamada de Os Quatro Cavaleiros. A turma pratica truques mágicos e realiza espetáculos bastante chamativos e envolventes nas quais eles conseguem literalmente obter lucros de grandes bilionários de formas aparentemente impossíveis. Embora a crítica tenha dividido opiniões, os filmes acabaram caindo no gosto do público por conta das peripécias e o tom cômico que possuem. O primeiro deles veio em 2013 e apresentou um roteiro com caráter introdutório nos prometendo uma história que poderia se desenvolver futuramente. O foco deste primeiro ano foi concentrado num agente do FBI e um Detetive da Interpol, que rastreavam Os Quatro Cavaleiros acusados de roubos a bancos. 

Já o segundo filme não repetiu o sucesso do primeiro, contudo, ele ganha prestígio por nos oferecer a melhor cena de toda a franquia até então. A cena do roubo do chip é majestosa, “absolut cinema” e até hoje muitos reassistem o longa de Jon M. Chu com expectativa em reviver novamente a cena. A história se encontra 18 meses depois de escaparem do FBI , Os Quatro Cavaleiros aguardam ordens do Olho, uma entidade secreta de mágicos. Agora, 12 anos depois do primeiro filme, chega a nós Truque de Mestre: 3º Ato. Nele Os Quatro Cavaleiros originais estão separados, dispersos e brigados. Atlas (Jesse Eisenberg), Merritt (Wood Harrelson), Jack (Dave Franco) e Henley (Isla Fisher) estavam seguindo suas vidas quando são recrutados pelo Olho novamente. O filme também marca o retorno de Mark Ruffalo e Lizzy Caplan, uma Cavaleira do segundo filme. 


Choque de gerações e “passes de mágica” 

O terceiro capítulo da franquia é dirigido por Ruben Fleischer que, mesmo tendo uma franquia considerável em seu nome, pode ter se tropeçado um pouco desta vez. A nova história tenta equilibrar duas gerações de mágicos: os quatro originais e três novos jovens que buscam obter o mesmo sucesso que seus ídolos da mágica. Contudo, entre um passe de mágica e outro, o roteiro não consegue concatenar uma cena à outra e tudo parece cenas picadas e que simplesmente foram se encaixando onde parecia haver mais sentido. Detalhe que este filme passou por refilmagens nem uma e nem duas, mas três vezes. Eisenber como Atlas está em seu pior momento. Tanto ele, quanto o personagem que decidiu vestir uma personalidade chata e de fácil ranço. Enquanto Harrelson está tentando descobrir o que ele está fazendo ali, Franco e Fisher simplesmente estão se divertindo e fazendo o que gostam. 

A volta de Caplan, que é solucionada muito bem não elimina o fato de Fisher não ter aparecido no segundo filme. Mesmo ela tendo se casado e tendo filhos, o roteiro que Neile Widener e Gavin James assinam não se preocupam em nos oferecer o mínimo de contexto. O filme se empobrece na medida em que as informações vão sendo jogadas de forma soltas e sem preocupação com o todo. A bilionária da vez que sofrerá o truque de mágica dos Cavaleiros é interpretada por Rosamund Pike, que, também nos passou a sensação de não saber o que estava fazendo ali. Tentando superar a trama anterior apresentando mais tecnologia nos shows e nas mágicas, filme acaba se tropeçando na própria armadilha. 

A nova geração está a cargo do trio Justice Smith, Dominic Sessa e Ariana Geenblat. Tentando se parecerem com “aprendizes de feiticeiros”, eles pareciam ter muito mais potencial pra mostrar. Infelizmente, o filme não soube equilibrar as duas gerações e não soube se decidir sobre que time se apoiariam. No fim das contas, tentaram um plot twist que não convenceu; tentaram dividir a narrativa entre os dramas dos adultos e a alegria de viver dos jovens, que também não funcionou; tentaram deixar um legado e um gancho para o futuro que não gerou fortes expectativas. Enquanto o filme de 2013 se preocupou em nos apresentar história, magia e um suspense promissor. O segundo ato, de 2016 consegue dar sequência à história. Entretanto, quando chegamos neste terceiro ato, frases de efeito, repetições da fórmula e aquele humor patético não foram o bastante para garantir o sucesso da franquia. 


Agora você vê; Agora você não vê 

O slogan até que vende bem. É criativo, chamou-nos a atenção durante a divulgação do filme. Mas, ficamos com a sensação de que não vimos o bastante e o que vimos não ficou bastante claro. As vezes nem sabemos o que vimos e se o que vimos é, de fato o que é. Agora, Cinco Cavaleiros, convocados por uma carta misteriosa, que acreditaram ser do Olho, reúnem-se para mais um show de mágicas e de ilusionismo. Veronika (Pike) que comanda uma empresa bilionária, mas que se une ao mercado negro das transações internacionais, surge como uma mulher poderosa que rapidamente perde seu prestígio, valor e relevância. Tenta imprimir maldade, mas não convence muito. 

Por fim, o que sobra para nós são boas cenas, muito bem dirigidas, mas que funcionam como um grande quebra-cabeça que foi mal encaixado, em que as cores das peças acabam não dando muita harmonia e tal qual o diamante falso, explode. Continuamos elogiando o segundo filme quando Os Quatro Cavaleiros roubam um chip num grande prédio de segurança internacional. Cena bem-feita, bem escrita, bem filmada e de uma sintonia impecável da atuação dos quatro. Infelizmente de um filme para o outro a história perde conexão e tudo fica meio que perdido, solto no ar. O segundo filme é o mais fraco da franquia até aqui, mas segue sendo o que possui a melhor cena. Quanto mais perto você chegar, menos você vai enxergar!




Por Dione Afonso  |  Jornalista

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