27 May
27May

As opções que guiaram a narrativa desta segunda temporada não agradaram muito o público e deixam no ar um resultado fraco. Enquanto a primeira temporada elevou o hype e encantou-nos, o segundo ano da adaptação do game lançado em 2013 apresentou uma rotina pouco encantadora, com algumas tensões e pouco crédito. Infelizmente a falta de empatia pela personagem Ellie [Bella Ramsey] desconectou-nos da narrativa e o grande apreço que tínhamos com Joel Miller [Pedro Pascal] parece que não foi o suficiente para garantir o sucesso da narrativa. 

Insegura, com roteiro pouco hábil, confusa, enigmática e com emoções questionáveis, a segunda temporada consegue nos trazer alguns colírios para os olhos. Primeiro, precisamos vangloriar a presença quase sacramental da perfeita Catherine O’Hara. Tudo o que essa mulher faz é perfeito, muito bem feito e encantador. Ela pode ter 30 segundos de tela num trabalho de horas, ela dá tudo o que tem nesses segundos e conquista pelo carisma e profissionalismo. As adições de Young Mazino; Isabela Merced e Kaitlyn Denver também realizam seus papeis com otimismo. 


Muita confusão e poucas soluções 

A segunda temporada com seus 7 episódios, um número confuso para os que sofrem de um certo TOC, quando tabularam um certo padrão de 8 episódios para uma temporada convencional. Vale lembrar que esta regra não é universal, na verdade ela nem existe, só está visivelmente na maioria das produções televisivas o que gerou no imaginário um certo padrão convencional. Mas, voltando à narrativa, o segundo ano já se inicia bastante desconfortável com uma Ellie emburrada, e um Joel que sofre calado. O motivo? Aquelas decisões que avisamos nos parágrafos anteriores, decidiram nos contar isso no último episódio. Resultado? Nenhuma emoção, nada de impactos profundos e nenhuma sensação de novidade surpreendente. A história segue, mas não vai muito longe quando no próximo episódio Abby [Denver] aparece e decide encerrar a história de Joel. 

Calma que está só é a confusão inicial e que não apresenta uma solução plausível. E a lista está longe de acabar. A próxima linha narrativa que não encontra nenhum resultado sofisticado é a relação entre Ellie e Dina [Merced]. Outro lembrete que é justo realçar aqui é que a opinião deste editor não leva em conta o espírito do jogo, aliás, ele nem o conhece. Portanto, avaliamos apenas a produção televisiva desconhecendo o material original. Reconhecemos que a adaptação é plausível. A história é boa, bem centrada, entretanto, com decisões infelizes na influência artística. 

Merced e Ramsey estão impecáveis em seus papeis, ancoradas num roteiro cheio de furos como um Queijo Minas, em que não sabemos onde começa e nem onde termina. Dina e Ellie revestem-se de infantilidade, uma personalidade que se desconecta completamente do ambiente em que a jornada de The Last Of Us se sustenta. A fúria de Abby consegue, por um instante retomar a conexão do telespectador à história, mas não dura muito. Contudo, a certeza de que ela retornará para o terceiro ano pode ser um sinal de esperança em meio a toda esta tempestade confusa. 


Fotografia bem produzida e final questionável 

Um mérito não podemos tirar: a produção, e a riqueza fotográfica nas duas temporadas são de tirar o fôlego. A série é muito bem filmada. A season finale entrega-nos uma isca falsa para o futuro. Para quem conhece os jogos já afirmaram que Abby não mata Ellie neste momento. A fragilidade da narrativa que se arrastou pelos 7 episódios entrega um final injustificável, uma cena desprovida e algo que nos irrita. O que assistimos não foi um final de temporada, mas uma ruptura de forma bruta e sem justificativas. O ponto de convergência que vimos aqui, na verdade, encontrará – assim esperamos – seu outro lado só quando os novos episódios chegarem a nós.




Por Dione Afonso  |  Jornalista

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