27 Nov
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Uma história criada pelos irmãos Duffer, ambientada na década de 1980, em Hawkins, interior do Texas, Stranger Things é uma celebração cultural. Tudo começa quando Will Bayers misteriosamente desaparece e desencadeia uma sequência de fenômenos sobrenaturais envolvendo crianças. Um desses eventos é o surgimento de uma menina, estranhamente chamada de Eleven e que possui, exatamente o número onze tatuado no pulso. Eleven é uma adolescente que gosta de waffles e que possui algum tipo de superpoder. Eleven e Will, juntos a Mike, Lucas Sinclair e Dustin Henderson formam um grupo de melhores amigos e que, de alguma forma assumem a missão de salvar Hawkins dos ataques monstruosos que uma pacata cidade está enfrentando. 

Os eventos aumentaram suas ameaças. De pequenas aberturas como portais para um “Mundo Invertido” a grandes rachaduras que ameaçam toda a cidade e seu redor, Stranger Things caminha para o seu ápice glorioso. Eleven (Millie Bobby Brown); Will (Noah Schnapp); Mike (Finn Wolfhard); Lucas (Caleb McLaughlin); Dustin (Gaten Matarazzo); Max (Sadie Sink) e Erica, irmã de Lucas (Priah Ferguson), são as crianças que ao lado de Nancy (Natalia Dyer); Jonathan (Charlie Heaton); Robin (Maya Hawke); Steve (Joe Keery); Joyce (Winona Ryder); Hopper (David Harbour) e Murray (Brett Gelman), enfrentam o grande vilão Vecna (Jamie Campbell Bower), que, aparentemente enfraquecido, está mais ardiloso e criativo que antes. 


O mal assume novas formas 

O mal também altera sua narrativa. No quarto ano vimos que Vecna saiu bem ferido do último embate contra as crianças. A temporada final inicia partindo deste pressuposto: depois de alguns meses desaparecido, ele recomeça a raptar crianças, alimentar-se do medo delas e se fortalecer no Mundo Invertido numa espécie de redoma. Vecna age como Fulano, um personagem de livro e, também Henry, uma espécie de amigo imaginário das crianças nas quais ele tem interesse. O rapto da irmã de Nancy e Mike é o ponto alto de toda esta narrativa. É como o estopim para descruzar os braços e ir atrás do mal, seja aonde for que ele esteja. Nestes primeiros 4 episódios, nos deparamos com uma Eleven ainda mais furiosa, estressada e pronta para a guerra. Will enfrenta uma nova e estranha forma de conexão com Vecna, como se suas mentes estivessem muito mais que interligadas, mas uma onipresente na outra. 

A cartada mais alta encontramos na cena final do quarto episódio, em que Will parece entender até onde esta conexão o leva. Ao assumir o controle dos demogorgons e salvar a vida de seus amigos, Will se torna peça-chave na narrativa, desvia o nosso foco de Eleven e da sua irmã, número oito, que retorna, e passa a assumir as rédeas da história. Vecna retorna mais forte, mais assustador e menos impiedoso, se é que já foi antes. No seu monólogo, Vecna deixa escapar uma verdade que poderá ser fundamental na batalha final. Ele afirma ter escolhido crianças porque elas são fracas demais para lutar e que se alimentar da fraqueza e do medo delas o fortalece. 

Quase que nós nos despedimos de Hopper, mais uma vez em mais uma tentativa de sacrifício. Ainda bem que Matt Duffer e seu irmão Ross Duffer não nos deram motivos para odiá-los para sempre... Ter um sacrifício tão grande assim nos 4 primeiros episódios não seria saudável. E ainda bem que não aconteceu. As tentativas de toda a equipe de produção, sobretudo dos figurinistas em driblar a idade adulta dos atores foram eficazes. Pois, mesmo sabendo e percebendo que aquelas crianças que iniciaram esta jornada em julho 2016 cresceram, e cresceram muito, mas, mesmo assim, a série nos conquista com uma aparente inocência infantil. Estamos perto do fim. Sentimos que uma grande batalha virá pela frente e nossas crianças mostraram que estão muito mais do que prontas, sobretudo agora, com Will tomando de volta o controle de sua mente e controlando tudo – ou quase – o que Vecna acha que controla.




Por Dione Afonso  |  Jornalista

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