22 Nov
22Nov

Em 1987, a obra de Stephen King, The Running Man (O Concorrente, no Brasil) ganhou uma adaptação para as telonas por Paul Michael Glaser. Estrelado por Arnold Schwarzenegger, o longa teve como pano de fundo num colapso econômico nos EUA, ambientado 30 anos depois. O trabalho de Glaser acabou não agradando nem o público e nem a crítica, parte do sucesso se deu por conta do protagonista, que estava em alta naquela temporada de atuação. A década de 1980 foi para Schwarzenegger o auge de sua carreira com trabalhos como Duro de Matar e O Exterminador do Futuro fazendo grande sucesso. O filme de Glaser, porém, caiu no esquecimento. 

Quarenta anos depois do filme de Glaser e que o livro de King foi lançado, agora foi a vez da mente caótica e bagunçada de Edgar Wright reler as páginas e transpô-las para as telonas. Quem estrela o Big Brother violento desta vez é Glen Powell, ator que em sua versatilidade tramita entre os gêneros de comédia, ação, romance e filmes de herói. Ao lado de Powell, Emilia Jones, Lee Pace, Daniel Erza, Katy O’Brien, Michael Cera, Colman Domingo e Josh Brolin completam o elenco. Enquanto Powell luta pela sobrevivência, o roteiro que Michael Bacall assina com Edgar Wright vai se desdobrando numa espécie de “mercado do espetáculo”, fazendo da mídia a grande manipuladora do público. 


Um bom motivo para fazer o mal 

Este subtítulo é assustador, mas, a princípio, o que Bem Richards (Powell) nos mostra é um pouco relacionado a esta assertiva. Desempregado, a empresa o demitiu depois que Richards tentou salvar a vida de seus amigos que eram expostos a fortes ondas de radiação. A denúncia o fez perder o emprego. Com a filha ardendo em febre e sua esposa Cathy (Alyssa Benn) tendo que dobrar os turnos no trabalho, Richards sai desesperado em busca de algo para garantir o sustento e a saúde de sua família. Josh Brolin faz as vezes do vilão. Interpretando Dan Killian, ele entra em cena como o bom moço, disposto a fazer qualquer coisa para ajudar Richards. Como nenhuma ajuda vindo de um bilionário é de graça, Richards é convencido a participar do programa “O Sobrevivente”, onde os participantes precisam, durante 30 dias, escapar de capangas e armadilhas e... sobreviver. No final, o prêmio de um milhão de dólares cai na conta de quem vence. 

Richards é um homem bom e de puro coração. A aposta feita por Killian é tentadora e o candidato cai nas artimanhas e na crença da dita promoção. Infelizmente o roteiro não é muito sutil e nem muito claro com o que vai acontecendo com os personagens. O foco é quase 100% em Richards, mas, mesmo assim, ficamos um pouco no vácuo de suas ações. A virada do ato final é quando ele conhece uma família disposta a ajudar e um rapaz que lida com deep fake na internet. A mensagem central de todo o filme fica evidente quando Killian e sua empresa televisiva manipula as mensagens diárias que Richards precisa enviar como prova de que está vivo. 

O Sobrevivente, desta vez, consegue superar um pouquinho do feito em 1987. É melhor, mas ainda parece não ser o filme ideal para as páginas de Stephen King. Algo melhor ainda pode ser produzido, mas, por enquanto, nos divertimos com a dinâmica de oferta e procura estrelada pelo jovem ator hollywoodiano. Glen Powell se encontra com bastante trabalho nesses últimos 10 anos. A cada cinco passos que damos, um filme com seu rosto no pôster pode ser visto.




Por Dione Afonso  |  Jornalista

Comentários
* O e-mail não será publicado no site.