30 Apr
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O primeiro longa da franquia já foi muito bom. Em 2016, Gavin O ‘Connor nos surpreendeu ao narrar a história de um homem com o espectro autista que lida com perigosas organizações criminosas. Sua condição o fez ser um profissional muito bom em números, opera complexas operações matemáticas e torna-se um Contador de fachada para encobrir sua verdadeira profissão no turvo e complicado mundo dos crimes, contrabandos e roubos. O início desta história foca mais no personagem que é desenvolvido por Ben Affleck, Christian Wolff. Wolff, ao ser contratado por uma grande empresa para vistoriar os livros contábeis, ele descobre uma fraude de milhões. Nisso sua vida e a de quem está ao seu redor é colocada em risco. Affleck é incrível no papel. Nunca imaginaríamos um ser humano autista tendo que lidar com criminosos, realizando operações de resgate e deixando um rastro de morte por onde passa. 

Agora, dez anos depois o elenco retorna: Affleck, Jon Bernthal, que faz o irmão de Chris; J. K. Simmons e a Agente Cynthia Addai-Robinson. Nova história foca mais no relacionamento dos irmãos Wolff, o que nos ajuda a dar sequência narrativa de onde o primeiro filme parou. Desta vez, os irmãos precisam lidar com a morte de um velho amigo, o ex-agente Ray King [Simmons]. A missão vai testar o nível de proximidade entre os dois irmãos e como irão lidar com este relacionamento. O’Connor, que retorna para a direção acertou em cheio em concentrar a história numa jornada que ultrapassa os limites exatos da matemática. 


Não são só números 

O Contador é uma franquia promissora. Apesar dos filmes não terem ganhado tanto marketing, é uma história que merece um pouco mais de credibilidade. Ver a interação de Affleck e Bernthal em cena é uma experiência difícil de se esquecer. Os bons e velhos amigos sabem construir uma atmosfera segura que transmite diálogos honestos e uma relação amigável e prazerosa. Desta vez, o público tem curiosidade em descobrir como que será o retorno do irmão Brax no círculo social de Chris. Por mais que aceitamos encarar o filme como uma porta para a acessibilidade e a inclusão, o espectro autista de Chris não é algo tratado como superação. Na verdade, isto nem é mencionado, Brax simplesmente se aproxima do irmão. Torna-se grato por poder ficar e se alegra por ter seu melhor amigo por perto. 

Chris, por outro lado, é um adulto mais maduro, superado e forte do que no primeiro filme. O’Connor, que também assina o roteiro ao lado de de Bill Dubuque amadureceu a história. Trouxe uma narrativa adulta e certa do propósito que ela está disposta a cumprir. Não são só números. Vai além dos limites exatos da matemática. A amizade dos irmãos Wolff se fortalece mais uma vez e juntos, eles precisam lidar com o assassinato do ex-agente Ray King. Orientados pela Agente Medina [Robinson], o mistério que ronda o assassinato vai ficando mais complicado, perigoso e de difícil acesso. O filme chega num nível que consegue nos mostrar que a solução só será possível quando os irmãos se conectarem novamente demonstrando a velha confiança. 

Ainda temos a participação de Daniella Pineda, como uma matadora de aluguel. Uma participação que, ao nosso ver foi desnecessária e sem vínculos profundos com a trama. De qualquer forma, pode ter servido como uma ponta extra para nos dar um pouco de alívio. O fato é que o brilho para a dupla protagonista foi garantido e com sucesso. O Contador 2 é um show maravilhoso, uma jornada sobre amizade e uma história sobre confiança que precisa ser notada por todos nós. É uma boa pedida do cinema de 2025. Obra nos surpreende e supera as nossas expectativas. Termos Ben Affleck e Jon Bernthal em cena é sempre uma boa pedida para o público.



Por Dione Afonso  |  Jornalista

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