Já houve quem afirmou que o novo filme da franquia apresentou na personagem de Ana de Armas um John Wick “de saia”. Além desta expressão ter uma carga preconceituosa, ela esvazia uma obra que tem seu esplêndido. Bailarina é encaixado na linha cronológica entre o segundo e o terceiro filme estrelado por Keanu Reeves. O estopim da vingança, que foi o grande centro da narrativa dos originais volta a ser a mesma força motriz para dar vigor ao novo filme. É certo que os longas ganharam espaço por conta da brutalidade e das lutas coreografadas dirigidas por Chad Stahelski, diretor responsável pelos 4 longas originais.
Agora, na pela da atriz, Armas, dirigida por Len Wiseman não deixa por menos e entrega originalidade e a mesma tensão brutal que a franquia exige. Na nova história, Armas é Eve Macarro, uma jovem que, depois de testemunhar o assassinato de seu pai, é recrutada pela “Ruska Roma”, uma grande organização criminosa na qual John Wick também fez parte. O que Eve descobre depois é que quem tiro a vida de seu pai faz parte de outra organização que também treina criminosos e que seu pai fazia parte dela. Junto a Armas, o elenco traz nomes já conhecidos da franquia como Lance Reddick; Ian McShane; Anjelica Huston e Gabriel Byrne. Lorenza Izzo e Norman Reedus completam o elenco. Com a chegada de Bailarina, o mito acerca do Baba Yaga ganha novo impulso e um novo ponto de partida. A trama não é inovadora, mas garante seu sucesso e motivo de existir.
John Wick já ganhou um spin-off, no formato série com O Continental, focado em Winston. Com uma trama menos brutal, a narrativa se concentra no drama mais tímido, mas muito profundo. Com Ana de Armas, a personagem Eve Macarro se garante em sua história. O fim do longa, até tenta nos presentear um plot twist, mas irrelevante. Terminar a história com um novo contrato avaliado em 5 milhões e o alvo é sua cabeça é típico para garantir uma sequência que pode ou não acontecer. Outro acerto também é apostar na fragilidade da personagem. Ana “apanha” muito de seus inimigos, isso a torna imortal e nem tão forte assim, mas a veracidade de cada golpe a torna ainda mais perigosa e vingativa.
Entre granadas e tiros, fogo e espadas, explosões e fogo, socos e fogo, já falamos fogo? Sim, muito fogo, mas muito fogo. A cena em que a água luta contra o fogo é “absolute cinema”, perfeito e com o timing acertado! O filme entrega coreografias espetaculares e muito bem-feitas. Ensaiadas e com cada passo no seu lugar. Se a história continuar, poderemos ainda ver grandes feitos deste novo capítulo que a franquia resolveu abrir para nós. Por fim, o que precisamos encontrar em Eve Macarro agora é aquela humanidade que Reeves construiu com Wick. O que pode acontecer e tomara que aconteça.
Por Dione Afonso | Jornalista